Continuo de férias no Algarve, com muito gosto. A história de hoje, prende-se com precisamente o local das minhas férias. Nesta recta final, depois da mulher ter iniciado o seu trabalho, fiquei sozinho com a nossa filha, aproveitando a mesma rotina que tínhamos até então e que vai durar até à reabertura do infantário.
Pelas 9 horas da manhã, Fuseta. Como sempre, fila para o barco que nos leva até à praia naquela agitação que me parece já extremamente familiar. A propósito, embora não seja essa a história do dia, Fuseta, Fuseta, Fuseta. Aconselho.
Vamos ao assunto. Atrás de mim, entre aquilo que gosto muito que é ouvir falar francês por pessoas portuguesas emigradas (valha-nos a vergonha), sobressaíam umas vozes, essas sim lusas da Silva, atacando tudo o que mexia, porque era mau, porque o Algarve era isto e aquilo.
Com a miúda ao colo e de ouvidos cheios, lá foi trauteando a música que ouvia, cheio de curiosidade de saber de onde vinha tamanha sapiência (nomeadamente, de onde seriam os "artistas").
Com 36 anos de vida, já não sei se hei-de levar a mal estas coisas. Não deveria, mas ainda levo.
Dizia o Herman José, há alguns dias atrás, na RTP, aquando de um programa dedicado a Portimão, que as pessoas faziam muita confusão no Algarve. Acrescentava ainda que os tais arautos da desgraça algarvia, não conheciam suficientemente esta região para poderem falar sobre ela.
De facto, não há um Algarve. Há vários. E todos eles, encaixam bem nas nossas necessidades. Se me perguntarem se concordo com alguns dos Algarves que conheço, direi que não. Mas acrescentarei, logo de seguida, que se esse existe é porque há um segmento e uma procura para tal.
Mas misturar torres ou confusão a decibéis altos, com paisagens lindas e naturais, como a própria Fuseta onde tenho estado, com a Ria Formosa, com o interior algarvio, com a naturalidade vicentina, com o que de melhor têm os grandes aglomerados urbanos e que por vezes são preteridos em nome de outras "procuras", é continuar a ser teimosamente ignorante.
Para além dos costumes e tradições, da hospitalidade e saber receber, há vários Algarves que se complementam e que são ricos por isso mesmo.
Até existem Algarves para aqueles que tocaram uma música tão triste e de uma cultura tão pobre, como aquela que ouvi na fila para apanhar o barco esta manhã.
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