segunda-feira, 12 de maio de 2008

Porque significas muito. Isto é para ti, Rita.

POR FIM, ENCONTREI-TE.

As próximas linhas têm uma destinatária. Mesmo que ela não as possa ler porque ainda não consegue, se Deus quiser, um dia, poderá confirmar qual era o estado de alma do seu pai nestas suas primeiras semanas.
Acho mesmo curioso que tendo escrito sobre a minha mãe há pouco tempo, particularmente pelo facto de já não estar entre nós há uma década, acabo pouco tempo depois por escrever sobre um nascimento, o que prova que na nossa vida, as palavras vida e morte rodeiam-nos ao longo da nossa existência.
Antes mesmo de escrever o que penso sobre o nascimento da minha filha e da felicidade que eu e a sua mãe sentimos, gostaria de fazer aqui uma consideração que julgo indispensável porque se torna coerente. Se há alguns tempos atrás, lesse textos destes ou manifestações semelhantes, acharia enternecedor mas, se isso fosse completamente exagerado, sentiria que tal era eventualmente sentimento a mais para algo de normal na vida, ou seja, ter um filho.
Hoje, sou forçado a reconhecer que estava errado. Para quem não se imaginava ver cd’s de ecografias, a tirar centenas de fotos ou a fazer outras coisas que tais, sou mesmo obrigado a concluir aquilo que muitos pais já concluíram durante o mesmo processo, isto é, ficamos verdadeiramente diferentes quando passamos por essa experiência maravilhosa.
Ver nascer uma filha é um privilégio. E é dessa forma que me sinto. Mesmo que ainda me faça confusão o seu choro porque não sei muito bem o que devo fazer. Mesmo que ainda me esteja a aperfeiçoar a mudar fraldas ou a tentar dar-lhe banho. Mesmo inclusive que o meu metabolismo esteja completamente alterado e que o cansaço pelas noites mal dormidas seja uma constante durante o dia. Vale tudo a pena. Seja por vermos nascer algo que é nosso, seja por percebermos que a partir de agora somos responsáveis por tudo o que lhe possa acontecer.
Não sei o que serás filha. Nem sei mesmo como o serás. Sei é que és um enigma (no bom sentido) que procurarei educar e acompanhar. Sei também que ainda hoje, graças ao teu nascimento, ando completamente na lua, ainda que de uma forma esforçadamente discreta, tentando vir à terra de vez em quando para tratar daquelas coisas terrenas de que é feito o nosso quotidiano.
Por agora, enquanto te vejo tranquilamente no meu colo ou no da tua mãe, recordo os primeiros minutos em que soube que ela estava grávida, o teu nascimento e os primeiros segundos da tua vida, o olhar fixo que me fazes como que se falasses sem esboçar qualquer palavra e a vontade enorme que tenho para te dizer que por fim, encontrei-te!

Publicado no Jornal Região Sul, edição de 7 de Maio de 2008

segunda-feira, 5 de maio de 2008

Ontem...dia da Mãe

Ontem foi dia da mãe. Nada melhor do que homenageá-la com as palavras que têm sido elogiadas por muitos dos que as têm lido. Por falar neste assunto, um agradecimento especial a todos os que comentaram esta crónica aquando da sua publicação.


VER-TE PARTIR…


Esta é uma crónica sentida. E por isso, não é fácil. Quem tem paciência para ler aquilo que escrevo frequentemente, sabe que já o fiz sobre muitas coisas. Aliás, só assim é que sei estar, com essa liberdade própria de quem se encanta com a escrita, marcadamente pessoal, com várias opiniões e em diversas direcções. Creio que tirando um caso que me lembro, nunca escrevi directamente sobre uma pessoa. Hoje, decidi fazê-lo, sabendo que essa pessoa, que já não está entre nós, não é uma pessoa qualquer.
Precisamente hoje, faz dez anos que a minha mãe faleceu. Partiu corroída por dentro, minada por uma doença estúpida que tarda em ter cura. Sei perfeitamente que é uma história igual a tantas outras, infelizmente com o mesmo fim, e que cada um de nós guarda para si ou conta aos demais.
Decido hoje falar da minha mãe porque tenho saudades dela. Essencialmente isso. E dentro deste espírito que muitos poderão apelidar de piegas, que aceito mas do qual me orgulho, não tenho vergonha em partilhar convosco esse sentimento tão íntimo.
Presto-lhe esta homenagem singela através do reconhecimento de quem era, da maneira como se comportava perante as situações da vida, pelo seu repetido sorriso mesmo perante as dificuldades e, dentro disto, pela maneira digna como aceitou o fardo com que partiria, nunca deitando a toalha ao chão. Aliás, essa coragem toda que demonstrou, sendo um exemplo, é a maior referência pessoal que tenho na minha vida.
De facto, se ela pudesse ler estas linhas, por magia ou por outros quaisquer encantamentos, ficaria com a sensação justa que mais do que ser filho, quem escreve isto o faz de uma forma imparcial. Mesmo sabendo de que fala da sua própria mãe.
Habituei-me por princípio e porque acredito, a não discutir qual é o mais importante, se é a mãe ou o se é o pai. São os dois porque ambos se complementam, ponto final parágrafo. Por isso, esta noção de família, quando se perde um dos dois, fica abalada. E este é o maior tributo que posso dar à memória da minha mãe: reconhecer a maneira como me educou e a falta que sempre me fez e continuará a fazer.
Não resisto a fazer um comentário final paralelo, que não sendo por ressentimento com a vida, ela é o que é e não há nada a fazer, faz todo o sentido para mim. Por vezes, e isso irrita-me solenemente, fico transtornado quando ouço comentários de certas pessoas que não compreendem a felicidade de poder contar ainda com o apoio dos pais. É demasiado mau, é certo. Mas analisemos esse melhor esse desprendimento.
Numa sociedade que perdeu uma certa orientação dos seus valores, falta saber reintroduzir o valor da educação que recebemos, a vontade para que a sociedade consiga estimular o conceito de se estar mais tempo em família, mesmo aceitando os compromissos profissionais/sociais de cada um, ou ainda para assimilar que os pais deverão ser actores activos e não passivos.
Ora este grande desafio dos tempos modernos, não é despiciente. É o reconhecimento da importância que todos os pais têm, em vida ou depois dela, em relação aos filhos. É por defender esta convicção que não esqueço a minha mãe. Nem que passem outros tantos anos.

Publicada no jornal Região Sul, em 9 de Abril de 2008

sexta-feira, 2 de maio de 2008

1 POR CENTO

O governo de José Sócrates, decidiu tentar ir ao encontro de um pedido pelo qual muitos ansiavam: a descida do IVA (imposto sobre o valor acrescentado). Aquando da sua subida de 19 para 21 por cento, decisão deste mesmo governo em Julho de 2005, devido à necessidade de reduzir o défice orçamental, muitos portugueses repudiaram essa alteração, contrastando com os poucos que a apoiaram.
Face a esta nova orientação, que terá o seu início a 1de Julho próximo, torna-se interessante olhar para a forma como esta medida foi interpretada, nomeadamente por economistas e políticos, ficando novamente a sensação de não ser nada consensual.
Entre o termo eleitoralista e corajoso, por mais ridículo que isso possa parecer, vai um curto caminho. As diversas opiniões que pude consultar, e antes de chegar à dos políticos, escolhendo primeiro os economistas, alternam entre uma decisão eleitoralista, acusando José Sócrates de “hipotecar o país” com uma “descida simbólica” que terá, “um impacto minúsculo na carteira do consumidor final” e um acto corajoso, sendo por isso, “uma boa medida”.
Quanto aos políticos, como seria normal, há opiniões para todos os gostos. Desde o partido que suporta este governo e que se regozija com esta decisão, passando por aqueles que a classificam como um “pequeno passo”, até à maioria da oposição que relativiza esta baixa por a considerar inócua e ineficaz, há de tudo.
Feito este enquadramento nacional, creio que devo também opinar sobre o significado desta medida. O IVA está de facto alto. E mesmo que desça o tal 1 por cento da discórdia, vai continuar a penalizar o consumo e a prejudicar-nos nomeadamente com a economia da nossa vizinha Espanha.
Se é certo que esta descida vai ajudar as empresas, e que estas são a mola da nossa economia e, por arrasto, da nossa própria estabilidade económica, temo que directamente não venhamos a usufruir desta baixa percentual no nosso dia a dia.
Assim, por mais estranho que pareça, não é difícil compreender que eu possa aceitar as limitações que o governo invoca (recordo aqui a vontade de José Sócrates em baixar este imposto em dois por cento impedida, segundo o próprio, pela prudência com que encarou a sua avaliação), mas, ao mesmo tempo, pensar que, se não forem dados mais passos no sentido de estimular a nossa economia, estaremos perante uma decisão que, embora positiva, como afirmou a CCP (Confederação do Comércio e Serviços de Portugal), sendo “isolada, terá um efeito limitado”.
É que convém não esquecer que, mesmo com a boa notícia da redução do défice público para 2,6 por cento, a economia nacional atravessa “momentos de turbulência e incerteza”, como reconhece o próprio José Sócrates, e a economia de muitas famílias portuguesas, estimadas em cerca de cem mil, está fortemente manchada pelo sobre endividamento.

Publicado no Jornal do Algarve, edição de 1 de Maio de 2008, página 24

quinta-feira, 1 de maio de 2008

O dia do trabalhador

Neste dia, proponho uma reflexão. Para onde vamos a nível de relações laborais? Em vez de "andarem" permanentemente numa guerra sem quartel, não seria melhor que todas as forças responsáveis por este sector fizessem um levantamento sobre quais as condições laborais que teremos num futuro próximo e as formas necessárias para enfrentar a competitividade que tende a aumentar?

O primeiro post

E tem a ver com o petróleo. Sim, esse combustível que está bastante caro. Apoio, sem reservas, as pretensões de todos aqueles que quiserem saber qual é o negócio que está por detrás destes sucessivos aumentos, sem rigor nem justificação. Basta!
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