domingo, 21 de setembro de 2008

UMA GAVETA DE CULTURA

Parece que foi ontem. Todavia, entretanto, já passaram dez anos desde que um conjunto de pessoas interessadas em dinamizar o teatro, uma área até então com pouca expressão na cidade de Portimão, decidiu formalizar este projecto.
Lembro-me perfeitamente. O Paulo Quaresma, o Sandro Junqueira e eu. Calmamente, mas com aquela ansiedade e confiança de quem sabe que está a dar um passo importante, em Outubro de 1998, a dirigirmo-nos ao Cartório Notarial para cumprir os requisitos burocráticos obrigatórios.
Acrescentei esta referência não porque queira retirar quaisquer dividendos pessoais desse acto, mas porque me sinto profundamente honrado por ter feito parte dele. Aliás, como costumo referir, apesar de fazer parte dos seus órgãos sociais desde o primeiro segundo, por vezes, estou mais ausente do que presente, o que não invalida porém que não esteja sempre atento ao que se passa nesta associação.
Os objectivos d'A Gaveta passam por incentivar a pesquisa teatral, montagem e representação de espectáculos teatrais, promover cursos e oficinas de teatro, assim como acções socioculturais e ateliers de artes em geral. Em Maio de 1999, "A Gaveta" passou a ser associação cultural e tem na sua primeira década de existência um histórico impressionante de projectos culturais, de diversa índole, que são um importante cartão de visita.
Mesmo com a minha vaidade confessada logo no início destas linhas, e da suspeição natural que daí advém, creio que A Gaveta foi e continua a ser uma lufada de ar fresco em Portimão, no Algarve e porque não dizê-lo, com alguma expressão além fronteiras regionais, sendo que a este nível reside um dos desafios com que se terá de confrontar nos próximos tempos.
Mais do que falar do sucesso destes dez anos, o que facilmente se comprovará pelos projectos realizados e pelos apoios recolhidos a nível institucional, o que atesta a qualidade dos mesmos, importa olhar para o futuro e perceber a dimensão do que se pretende atingir.
Sem nunca perder o sentido de orientação, nem tão pouco renegar as suas origens, A Gaveta deverá, na minha opinião, caminhar no sentido da profissionalização, desde que saiba entender e dimensionar a sua vocação amadora, consubstanciada nos objectivos declarados em 1998.
A Gaveta não existe para ocupar o espaço de ninguém. Existe para ocupar o seu próprio espaço, cujo direito já adquiriu em virtude de todos estes anos de abnegação e de entrega dos seus elementos, nomeadamente, todos aqueles que estão ou estiveram sempre no terreno. E neste capítulo, justamente, sem quaisquer discriminações porque o êxito se deve a muitos, mas com o sentido de que tem havido alguém que tem puxado sempre por esta associação quer chova ou faça sol, devo elogiar publicamente o trabalho do Paulo Quaresma, presidente da direcção, e um impulsionador nato de todo o trabalho produzido.
Dez anos já passaram. Faço votos que venham muitos mais, dentro de um plano de crescimento bem elaborado, e onde as nossas instituições possam perceber que devem ser parte integrante deste contributo cultural.

Publicado no Jornal do Algarve, edição de 18-09-2008

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