Quem estiver a ler este texto está em vantagem em relação ao autor destas linhas. É fácil perceber porquê. Neste momento, sabe aquilo que apenas posso tentar adivinhar, devido há semana que medeia a feitura deste artigo e a publicação do mesmo.
No entanto, para o que vos quero transmitir, não interessa saber quem ganhou ou perdeu estas eleições. A quatro dias das eleições, eis o meu veredicto: Perdemos todos!
Ninguém conseguiu discutir a Europa, tal como ela mereceria. Ninguém conseguiu empolgar os portugueses, transmitindo-lhes informação ou um pouco de esperança consolidada em algo concreto para o futuro. Em suma, ninguém marcou a diferença.
Os partidos políticos, salvo algumas excepções pontuais, usaram mal o seu tempo de antena e perderam mais uma oportunidade para aproximar os eleitores dos eleitos.
Numa pesquisa de rotina que andei a fazer pelos sítios na internet de todas as forças políticas ou movimentos que se candidataram, vi mais publicidade partidária pura e simples do que menções fortes a uma pedagogia política que era importante ser feita. Notei mais quezílias partidárias do que esclarecimentos elucidados dos seus propósitos. E, para cúmulo, ainda consegui descobrir manifestos contra a Europa, em candidaturas ao Parlamento Europeu.
Fico com a sensação de que estas eleições europeias foram mais encaradas como um momento de preparação para as eleições legislativas do que propriamente como um acto eleitoral importante, dada a nossa integração europeia e todas as implicações que isso acarreta. E é pena.
Resta-nos pois continuar a viver a ebulição contínua em que andaremos até Outubro, esperando que algum do ruído que ficámos fartos de ouvir, seja da oposição ou do próprio Governo, se dilua e se transforme em algo de outra natureza.
Os problemas do país não pararam nem desapareceram. Mantêm-se vivos e, alguns deles, são demasiado presentes para que possamos perder tempo num eleitoralismo que nos envergonhou, principalmente, quando sabemos algumas das verbas dispendidas para o efeito.
Claro que sou defensor do livre funcionamento da democracia. Qualquer acto eleitoral merece e precisa que todos os partidos, sem excepção, possam assegurar as suas candidaturas, incutindo diversas mensagens, consoante as suas diferenças programáticas. Reside aí uma das pedras basilares de qualquer democracia.
Sem me contradizer, e na mesma linha de raciocínio, é por isso mesmo que não posso aceitar que se percam oportunidades como estas (momentos eleitorais) para falhar um dos objectivos dos partidos ou movimentos: elucidar, dar contributos, apresentar projectos, enfim, pugnar para que Portugal seja um país forte, próspero e justo.
Será que os portugueses se reviram nos comportamentos partidários dos últimos dias? Infelizmente, creio que não. E isso, por si só, para além de ser mais um prego no caixão dos encantos que política deveria merecer, obriga-nos a mais uma reflexão profunda.
Publicado no Jornal do Algarve, edição de 9 de Junho de 2009.
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