sexta-feira, 29 de maio de 2009

A SUBIDA DO OLHANENSE

Costuma-me dizer que quando se ganha, nada nos atrapalha e todos se encostam ao nosso sucesso. O caso concreto, sobre o qual irei escrever nas próximas linhas, exemplifica na perfeição, o espírito da frase que escolhi para iniciar esta crónica.
A recente subida do Sporting Clube Olhanense à Primeira Liga e o consequente regresso do Algarve aos grandes palcos desportivos, devem-nos encher de orgulho a todos. E, nesta palavra todos, devem estar aqueles que são algarvios como eu, mas também aqueles que defendem um alargamento geográfico dos campeonatos desportivos para que estes obtenham um outro estatuto.
Actualmente, sou sócio e dirigente do Portimonense Sporting Clube. E, se num primeiro momento, talvez por um qualquer egoísmo bairrista estúpido, pudesse ter ficado “incomodado” com esta façanha do vizinho, o facto é que não fiquei, porque entendo que há coisas que nos devem unir e não separar.
Enquanto acompanhante assíduo do intitulado desporto rei, nomeadamente através da evolução da situação da Segunda Liga, fui um espectador atento do que se passou no Olhanense e da estratégia que usou para conseguir este feito.
Obviamente não mencionarei a parte desportiva, pois o sucesso fala por si, mas quero antes abordar uma temática que me é bastante cara: a promoção do clube e as ideias que foram tomadas para aproximar o Olhanense das pessoas.
Neste campo, e apesar de estar tudo inventado, no último terço do campeonato, o Olhanense inverteu um certo sentimento de apatia e apostou no marketing, na presença de público nos estádios e foi conquistando, sem rodeios e de um modo eficaz, esse sentimento de pertença que amparou o clube.
Foi notório que tiveram condições para isso, e porque porventura, também existiram verbas para suportar esse esforço, vêem-se agora perante um feliz dilema: o que fazer para continuar esta dinâmica?
Eu sei o que é trabalhar sem verbas, ou seja, fazer os possíveis dos impossíveis, mesmo que ainda assim sejamos maltratados por aparentemente nada fazer. Por isso, gostava de poder aconselhar os meus vizinhos de Olhão a continuarem com esse esforço de aproximação do clube aos algarvios (porque os representarão a todos), alargando, com sabedoria e prudência, o seu campo de acção para uma outra dimensão que tem mais a ver com o campeonato que disputarão. Ainda que com os pés no chão, e com uma gestão rigorosa, faz falta pensar em grande para que se possam atingir outros patamares.
Para que o Olhanense não seja igual a tantos clubes, para os quais a subida de divisão foi um princípio do fim, é necessário que a sua equipa dirigente, nomeadamente quem trata da área da promoção e marketing, saiba apostar no público-alvo certo, nas campanhas que mais se adeqúem ao seu estatuto e aproveitar esta dinâmica de vitória que hoje faz toda a diferença.
No dia da vitória todos comparecem às festas. Mas há que distinguir as pessoas. Aquelas que raramente lhe pomos a vista em cima, devemos usar uma certa pedagogia para que possam estar mais presentes. Aqueles que estão sempre connosco, seja nos bons ou maus resultados, merecem um estatuto diferente e uma outra recompensa.

Publicado no Jornal Região Sul, edição de 27 de Maio de 2009. Link: http://www.regiao-sul.pt/noticia.php?refnoticia=94865

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