domingo, 30 de novembro de 2008

TODOS PARECEM PERCEBER DE MARKETING

A frase já fazia eco na minha mente há muito tempo. De uma forma empírica, acrescento. Todavia, há alguns dias atrás, através de uma exposição de um docente, numa das suas aulas na Universidade do Algarve, tive a oportunidade de confirmar, de uma forma mais estudada, aquilo que suspeitava.
Está enraizado entre nós um sentimento de que todos “somos letrados” em marketing. Todos damos opiniões, acrescentamos ideias aqui ou acolá porque achamos que assim fica melhor e decidimos esta ou aquela estratégia porque nos cheira a vencedora. É mesmo assim: à boa maneira portuguesa!
Ora, isto dentro das organizações, sejam elas quais forem, assume diferentes contornos, provavelmente com outros problemas associados.
Há muita gente que entende o marketing como uma ciência fantasiosa, e por isso de dimensão menor, daquelas que nem vale a pena prestar muita atenção. Daí estas constantes interferências porque, à boa maneira do mero pensamento da gestão pela gestão, essas “ideias de marketing”, são preconizadas por gente que nunca entenderá o funcionamento de uma organização. E assim, por vezes, se perdem excelentes contributos.
Hoje, o marketing, tem que ser visto de uma forma livre, mas enquanto conteúdo dos novos tempos com um certo valor acrescentado. Nem tudo o que o marketing produz é correcto nem está imune, tais como as outras ciências, às críticas por este ou aquele insucesso. As pessoas que estão nesta área, seja por formação, vocação ou pela experiência acumulada, são humanas e, por isso, capazes de errar, de uma forma igual às outras.
Seja como for, é inegável a expressão do marketing na formulação de novas estratégias, na perspectiva de um estudo cada vez mais completo do consumidor e como um excelente aliado da gestão integrada de uma qualquer organização. O marketing pode e deve ser o farol de novas ideias, a valorização dos produtos e serviços e até, porque caminhamos cada vez mais nesse sentido, um peão avançado na abordagem e explicação no campo das experiências.
Os departamentos de marketing e as pessoas que lá desempenham funções precisam de estímulos e não de desconfiança. Torna-se urgente que as organizações possam entender que há vida para além da gestão pura e dura, e que esta, em tempos como os actuais em que alguns modelos são postos em causa, precisa de novos enquadramentos, capazes de engendrar novos rumos.
Embora todos pareçam perceber de marketing, apenas aqueles que o souberem interpretar com alguma visão e que estejam livres do preconceito fantasioso que lhe está atribuído, serão capazes de poder apresentar resultados.
Evidentemente, isto apenas será válido, desde que sejam dadas as ferramentas para que isso seja exequível. Já bastam exemplos em que são pedidas ou criticadas a falta de algumas actividades, mas depois descobre-se que não se criaram as situações propícias para que as mesmas pudessem acontecer.

Publicada no Jornal do Algarve, edição de 30 de Outubro de 2008

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