quarta-feira, 26 de agosto de 2009

ASSIM VAI PORTUGAL

A leitura pormenorizada do que vem publicado recentemente na imprensa, leva-nos directamente para o campo do imaginário, embora, tal devaneio, possa ser perigoso e até carente de alguma compaixão. Por entre tantas notícias de silly season, reparei em três notícias que merecem alguma reflexão.
Se é certo que a escravatura foi abolida em todo o Império Português, com a lei de 25 de Fevereiro de 1869, até ao termo definitivo de 1878, não é incomum voltarmos a falar deste assunto.
Ao desfolhar o Jornal Público, edição de 11 de Agosto, somos estranhamente convidados a conhecer o caso do Alentejo onde «há imigrantes a trabalhar sob violência, extorsão e medo». E não ficamos por aqui. Bastaria ler o primeiro parágrafo para entendermos a dimensão verdadeiramente ultrajante do caso. «Violência física, extorsão de dinheiro dos salários, trabalho de sol a sol, fome e medo: É este o quotidiano de imigrantes romenos e tailandeses».
Não sendo um caso novo, impõe-se que se faça alguma coisa. Mesmo que por detrás destes dramas se encontrem máfias com treino militar, e por isso, verdadeiramente perigosas, não podemos ficar reféns ou à mercê deste tipo de gente.
Se for mais longe nesta questão, terei de abordar a qualidade e quantidade de imigração do nosso país. Sim, eu sei, somos também um país de emigrantes. Mas interrogo-me há muito tempo, e sem que isso signifique que sou xenófobo ou intolerante, até quando esse pretexto vai servir para facilitar a entrada de toda a gente, sem uma fiscalização posterior que possa aquilatar a sua integração no nosso país, na mesma forma que acontece a milhares de portugueses por esse mundo fora?
Mudemos de página, o que nos permite ir ao encontro da Gripe A, salvo seja, claro. As recentes notícias inquietam-nos. Embora tal fosse previsível, e ainda vamos no início, gostaria de trazer à colação algo que foi dito pela Ministra da Saúde e que, isso sim, talvez mais do que a doença, deve preocupar.
Ao considerar que algumas pessoas tinham “comportamentos anti-sociais”, esta acusação, vem por a nu actos que espelham atitudes pouco prudentes, o que favorece o contágio e põe em causa a saúde pública. Já não basta um mal, só faltava outro.
Por isso mesmo, e rumo à terceira notícia, com um país com pessoas com tantos defeitos (é o que costumamos dizer quase sempre), será que o caminho seria a restauração de monarquia?
Pelo menos, foi o que pensaram um conjunto de amigos que tiveram a ousadia de hastear a bandeira azul e branca da monarquia, usada em Portugal até 1910, nos paços do concelho de Lisboa. Tal gesto, que poderá valer uma sanção criminal, é, nas palavras dos seus autores, «uma inédita acção de guerrilha ideológica».
Para além do seu acto, ainda que imbuído de um forte sentimento ideológico, o que mais prendeu a minha atenção, é a forma como alguém sobe à varanda da Câmara de Lisboa, sem que ninguém note, estando mesmo ao lado uma esquadra da polícia.
Vá lá que era uma brincadeira. Mesmo assim, fica o aviso.

Publicado no Jornal Região Sul, edição de 19 de Agosto de 2009. Link: http://www.regiao-sul.pt/noticia.php?refnoticia=97100

Sem comentários:

Share |