sexta-feira, 11 de julho de 2008

O ASSOCIATIVISMO

O associativismo está doente. Todos o sabemos. Todavia, poucos são aqueles que tentam remar contra uma maré que é conhecida mas ignorada. É este o panorama actual.
Fruto de um conjunto de vicissitudes que enfermaram um todo, espelho injusto de um conjunto de actos cegos e impróprios, o associativismo ficou conotado, injustamente, afirme-se sem complexos, com alguns comportamentos desviantes. A esses, como tudo na gestão da informação sensacionalista, foram dadas primeiras páginas, centenas de destaques e milhares de comentários, enquanto que o trabalho de formiga de milhares de “voluntários” do associativismo nem sequer teve direito a uma linha.
Isto deu origem à má fama, ao diz que disse e ao mau juízo. Que fique claro pois. Nem todos aqueles que dão gratuitamente as horas do seu tempo às associações onde militam são ladrões ou mal feitores. Bem longe disso. E, certamente, não são alguns casos censuráveis que mancharão todo um esforço de construir uma sociedade mais plural e mais diversificada, seja na cultura, no desporto ou nos tempos livres.
Eu sou defensor de um novo enquadramento legal para o associativismo, alicerçado num conjunto de novas medidas de apoio e fomento à sua acção. É importante que sejam dados passos importantes nesse sentido, para que se ultrapassem um conjunto de obstáculos que atrapalham e dificultam o seu dia a dia.
É necessário chamar mais pessoas para o associativismo. Mais do que isso. É importante que lhes possamos dar condições para que o vivam de uma forma completa e capaz de responder às missões que têm.
Hoje, a sociedade moderna, precisamente e ironicamente a mesma parte da que desdenha o associativismo porque não o conhece ou não quer conhecer, é aquela que mais necessita das suas virtudes e de tudo o que pode fazer para enriquecer as experiências pessoais de cada um. Esse complemento é fundamental enquanto garante de um passado cheio de referências que não podemos deixar morrer ao abandono.
Estas e outras questões, debaixo do tema que escolhi para escrever estas linhas, preocupam-me bastante. Temos, assim, dois caminhos para percorrer.
O primeiro, leva-nos para a continuação de uma política do falar mal e de não querer ajudar a reerguer o associativismo. É o mais fácil, claro. O segundo caminho leva-nos por uma estrada de esforço individual, garantindo lá no clube da terra, na associação com a qual nos identificamos ou na defesa da causa pela qual nutrimos afeição, o nosso contributo.
Devo uma palavra final a muitas pessoas, com nomes diferentes, mas com a mesma característica, ou seja, a tenacidade que têm demonstrado em aguentar muitas associações, na sua maioria, de uma forma absolutamente heróica. Curvo-me perante esses exemplos, infelizmente, muitas vezes misturados na lama de uma forma infame.

Publicada no Jornal Região Sul, edição de 9-7-2008

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