domingo, 1 de junho de 2008

OS JOVENS E A POLÍTICA

«O Presidente da República reuniu-se, no Palácio de Belém, com cerca de 30 dirigentes de Associações de Juventude para debater o tema da participação cívica e política dos jovens e as razões que os motivam ou afastam de um maior envolvimento. No encontro, sob o tema "Os Jovens e a Política", participaram os líderes das organizações partidárias, académicas, de voluntariado, sindicais e empresariais e do associativismo juvenil, todos representados no Conselho Nacional da Juventude.»
Foi, desta forma, que o sítio da Presidência da República (http://www.presidencia.pt), comunicou uma iniciativa que vem na sequência das preocupações manifestadas no discurso proferido na sessão comemorativa do 25 de Abril, na Assembleia da República, e que pretendeu dar relevo aos contributos e propostas dos jovens no sentido de uma maior aproximação entre os mesmos e a política.
Na minha opinião, esteve muito bem o senhor presidente. Por diversos motivos que se enquadram numa preocupação com o futuro de Portugal no saber pensar, estar e viver.
Tenho escrito muitas vezes que vivemos o tempo da lassidão. Os jovens não sabem de nada, não se importam com temas “secantes”, como eles próprios os definem. Por um lado, querem ser o futuro, por outro, rejeitam o presente, na esperança de um futuro que anseiam mas que com o qual agora se aborrecem.
Também eu fiquei chocado com o estudo que demonstra inequivocamente o "total alheamento" dos jovens face à política e a insatisfação geral dos portugueses face ao funcionamento da democracia no país. Nada que me espante, confesso. Mas ainda me choca estar frente a frente com uma realidade que é culpa de todos.
Actualmente, com a provável falência da participação livre e apaixonada e com a mais que provável falência do associativismo, estamos naquela linha que nos marca o ponto de não retorno. Ou agimos e ganhamos. Ou ficamos como estamos e perdemos. Tão simples quanto esta equação.
Urge, por isso, prestar atenção a quem ainda quer fazer algo que aproxime as pessoas da política, do associativismo, da participação apaixonada e do dar de si sem pensar em si.
Estes são os desafios que corajosamente o Presidente da República colocou na agenda. Fê-lo com a serenidade que o caracteriza, sem que isso perturbasse ou minimizasse a preocupação que existe sobre a matéria. Torna-se importante pois, olhar com atenção para as recomendações finais deste encontro, dirigidas ao Governo, Autarquias, Média e ao próprio Presidente da República, entre outros, e tentar ver nesses conjuntos de palavras, pistas para agir de uma forma rápida e eficaz.
Em suma, os jovens reunidos no Palácio de Belém, defenderam que se deveria: Promover a formação de líderes e dirigentes associativos juvenis; Promover o reconhecimento e valorização das competências adquiridas ao nível do voluntariado e do trabalho associativo; Integrar a formação cívica nos planos curriculares, sobretudo ao nível do primeiro ciclo, de uma forma mais evidente; Promover um plano de acção estratégico a nível local, envolvendo as várias instituições locais, desde clubes desportivos, associações de carácter recreativo e cultural, até aos próprios organismos do poder local, entre outras, no sentido de estimular o interesse dos jovens pela política e pelo exercício da cidadania, Potenciar o papel dos Conselhos Municipais de Juventude; Criação de mecanismos que facilitem o acesso à informação por parte dos jovens, nomeadamente com base nas novas tecnologias, para que as dificuldades logísticas de acesso à informação não sirvam nunca de desculpa para a ausência de participação; Envolver os órgãos de comunicação social na promoção da aproximação dos jovens à política, através de uma maior divulgação das actividades desenvolvidas pelas organizações juvenis, no sentido de colocar sempre as questões de juventude na ordem do dia; Continuidade da aposta nesta política, baseada numa magistratura de influência, que tem o condão de trazer as questões da juventude para a ordem do dia.

Publicado no Jornal do Algarve, edição de 22 de Maio de 2008

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